26 outubro 2021

‘Festivais de Outono’ da Universidade de Aveiro

 

Em 2021, os ‘Festivais de Outono’ da Universidade de Aveiro serão integralmente protagonizados por mulheres.

 Neste evento, compositoras, intérpretes e investigadoras terão um espaço privilegiado para apresentar as suas mais recentes obras artísticas e académicas, discutir percursos, ausências e disparidades no meio musical português.

O programa completo encontra-se em

Festivaisde Outono - festivaisdeoutono - Universidade de Aveiro (ua.pt)

DANTE morreu há 700 anos, mas continua sempre CONTEMPORÂNEO

 

A “DIVINA COMÉDIA”, opus magnum de Dante Allighieri , é o poema da pluralidade: pluralidade de vozes, de estilos, de níveis de língua, de planos cósmicos.

Como sugestão de leitura, propomos o seguinte texto de Marco Lucchesi, intitulado Dante 700 e publicado no “Jornal de Letras” de 20/10/2021

«Desde a infância, Dante é meu fantasma. Quase de carne e osso. Vibrátil. Tornou-se meu enigma e obsessão. Determinou parte de minhas escolhas e de minhas recusas. Todos os anos volto ao Inferno, Purgatório e Paraíso. Basta entrar uma vez, para nunca mais sair. Um labirinto de beleza.

A morte de Dante é celebrada, mundo afora, com pompa e circunstância, em quase todas as línguas da Terra, para as quais foi traduzida a Divina comédia. Setecentos anos de presença e juventude. Seu decassílabo é fonte cristalina, pura dinâmica e inspiração. Como se Dante estivesse mais vivo do que nunca. Não tanto pelo impulso motor que imprime direção aos cem cantos da Comédia, mas pelo fulgor da poesia, no repertório das imagens, na nitidez de seu olhar.

Os timbres novos e os acentos vários descerram uma viagem audaz no mundo das almas. Terreno até então desconhecido, seu canto renova as potências da linguagem. Severa, sublime, fulgurante. Leitura que produz uma força de tração irresistível, a Terra e o Cosmos. Densidade brutal ou leve transparência, segundo a cartografia dos três reinos. Obra que traduz um tempo misto, ao longo da qual o antigo e o moderno se entrelaçam, liberdade e erudição, matéria e sonho.

Quantos interrogam o mistério de Beatriz e buscam trazê-la ao mundo em que vivemos, num gesto de adesão e profecia.  A obra de Dante, em certo e largo sentido, escapa ao controle do autor e da crítica. Tornou-se uma grande metáfora, uma espécie de universo inflacionário. Vive além do espaço-tempo, na longa viagem pelos séculos, entre algas e correntes de leitores, cardumes incontáveis, quase infinitos.

Assim, num país como o Brasil, os olhos de Beatriz confundem-se com os olhos de Diadorim. Nossa Divina comédia passa através do sertão, de Euclides, Rosa e Suassuna. Não abandona a literatura de cordel, os romances antigos, o alfabeto de vaqueiros e a linguagem armorial, que rege a presente exposição.

A leitura passa pelo Barroco, em que se prolonga, transfigurado, o tempo de Dante, nas igrejas coloniais, altares e torres antigas, onde dobram os sinos de Ouro Preto, Salvador e Paraty.Chega à Semana de Arte Moderna, com A divina increnca, e às escolas de samba.

Nossa abordagem dantesca possui leitores de águas claras: Camões, Vieira e Pessoa. E desta suma trindade, outra se acrescenta, não menos admirável: Murilo Mendes, Cabral e Drummond. E me permitam acrescentar: Jorge de Lima e Joaquim Cardozo.

A política entra na corrente sanguínea da Divina comédia. Escrita no exílio, o poeta  criticou duramente o que lhe parecia indigno, sem meias-palavras, papas e imperadores, leigos e padres. Defendeu a separação entre poder temporal e poder espiritual.

A república e a poesia, tão caras ao poeta, não fogem ao olhar de Beatriz. Na distopia, impõe-se pensar o bom lugar. Assim, a  transição do Inferno ao Paraíso reflete a crise de seu tempo. Sinal de quem se rebela e sonha com uma nova ordem. 

Estamos dentro da Divina comédia. Nessa metáfora de vidros claros. Em sua translúcida beleza. Nela desenhamos parte de um destino.  Beatriz nos cumprimenta do futuro, até onde nossos olhos podem alcançá-la.»

21 outubro 2021

Paulina Chiziane, Prémio Camões 2021


A escolha da escritora moçambicana foi feita por unanimidade pelo júri do Prémio Camões 2021. A decisão destaca a "vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional" da obra, segundo nota que anunciou a distinção.

Paulina Chiziane, 66 anos, confessou-se confusa com a notícia do prémio.

"Eu nem sequer me lembrava que o prémio Camões existia" -  os confinamentos provocados pela covid-19 deixaram-na "bem fechada em casa, desligada de tudo".

"Uma surpresa muito boa para mim, para o meu povo, para a minha gente", que em África escreve "o português, aprendido de Portugal". "E eu sempre achei que o meu português não merecia tão alto patamar. Estou emocionada", acrescentou. O Prémio Camões 2021 serve para valorizar o papel das mulheres numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado, disse ainda a escritora moçambicana, depois de saber da distinção. Afinal a mulher tem uma alma grande e tem uma grande mensagem para dar ao mundo. Este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro", referiu a autora. Chiziane foi a primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, com "Balada de amor ao vento", em 1990."Quando eu comecei a escrever, ninguém acreditava naquilo que eu fazia. Porque eram escritos de mulher", referiu, numa alusão à temática do género, um dos fios condutores da sua obra. O seu último trabalho foi "A voz do cárcere" escrito em conjunto com Dionísio Bahule, lançado este ano, em Maputo, depois de ambos entrarem nas prisões e ouvirem os reclusos - ela a escutar as mulheres, ele, os homens. Paulina Chiziane declarou que o Prémio Camões pode ser "um alento novo", um símbolo que de que a sua caminhada "valeu a pena" e de que "é preciso continuar a lutar". 


13 outubro 2021

"ANA LUÍSA AMARAL - UMA POESIA DO MUNDO"

 Aqui fica uma sugestão de leitura no JL (Jornal de Letras, Artes e ideias), nº 1331. pp 14 a 16): entrevista, poemas inéditos e o último livro da autora ("Mundo"), 


Escritora, tradutora, professora universitária, Ana Luísa Amaral  foi recentemente distinguida com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana. E diz-nos que 
é "preciso estar atento ao mundo".

A LITERATURA EM FESTIVAIS

Outubro traz consigo dois dos mais relevantes festivais literários no nosso país  o FOLIO - Festival Internacional de Óbidos, de 14 a 24, e   o ESCRITARIA, em Penafiel, de 24 a 31.

Após o hiato de 2020, devido à pandemia, o FOLIO realiza-se agora numa edição que terá como tema "O Outro". Com uma programação diversificada, o festival é dividido em várias linhas de programação: Folio Autores, Folio Educa, Folia e Folio Ilustra.

Por sua vez, o ESCRITARIA homenageia este ano a vida e a obra do escritor caboverdiano Germano de Almeida, através de conferências, exposições, arte pública, teatro, cinema.

http://foliofestival.com/folio-2021

https://pt-pt.facebook.com/Escritaria








12 outubro 2021

Prémio Nobel da Paz 2021

 

Os jornalistas
Maria Ressa e Dmitry Muratov foram distinguidos pelos seus esforços para salvaguardarem a liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia, respetivamente.

A Academia Sueca destaca a luta de ambos pela "defesa da liberdade de expressão", "uma condição indissociável da democracia e da paz".

Prémio Nobel da Economia 2021



O norte-americano
 David Card usou experiências reais para investigar o mercado laboral, como a subida do salário mínimo afeta o emprego, ou se o aumento de imigração teria algum impacto económico. 

Já a dupla Joshua Angrist e Guido Imbens tem desenvolvido diversos instrumentos de análises de causa- efeito de realidades económicas.




07 outubro 2021

Prémio Nobel da Literatura – 2021


Abdulrazak Gurnah

Natural da Tanzânia, vive no Reino Unido, escreve em língua inglesa.

Reconhecido "pela penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados no fluxo entre culturas e continentes".


Prémio Nobel da Física – 2021

Nobel da Física de 2021 para a física do clima e outros sistemas complexos. Anunciado esta terça-feira, foi atribuído a


Syukuro Manabe, 

Klaus Hasselmann e 

Giorgio Parisi.


Fonte: https://www.publico.pt/2021/10/05/ciencia/noticia/nobel-fisica-2021-compreensao-sistemas-fisicos-complexos-1979927

Prémio Nobel da Química - 2021




Nobel da Química de 2021 premeia “engenhosa ferramenta para fabricar moléculas” e foi atribuído a

Benjamin List e David W.C. MacMillan.


Os dois cientistas desenvolveram uma nova e engenhosa ferramenta para a construção de moléculas: a organocatálise. “As suas utilizações incluem a investigação de novos fármacos e também tem ajudado a tornar a química mais verde”, adianta um comunicado de imprensa divulgado nesta quarta-feira. O prémio tem um valor de dez milhões de coroas suecas (986 mil euros). 

“A construção de moléculas é uma arte difícil".

https://www.publico.pt/2021/10/06/ciencia/noticia/nobel-quimica-2021-premeia-engenhosa-ferramenta-fabricar-moleculas-1980008


Nobel da Medicina - 2021


O trabalho do bioquímico
David Julius, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e do neurocientista Ardem Patapoutian, do instituto Scripps Research em La Jolla, na Califórnia, terá ajudado a esclarecer um dos segredos da natureza mostrando como o calor, o frio e o tacto podem iniciar sinais no nosso sistema nervoso, justificou o comité do Nobel.
 
“Os canais iónicos identificados são importantes para muitos processos fisiológicos e condições de doença”, refere o comunicado de imprensa sobre o Prémio Nobel da Medicina de 2021.

https://www.publico.pt/2021/10/04/ciencia/noticia/nobel-medicina-2021-descobertas-sensores-corpo-1979794