«milagre
é não endoidecerem os homens de cada vez que abrem a boca para falar.»
"O Ano da Morte de Ricardo Reis"
«milagre
é não endoidecerem os homens de cada vez que abrem a boca para falar.»
"O Ano da Morte de Ricardo Reis"
«Afinal, que viajar é este? Dar uma volta por esta cidade (…) e, isto feito, marcar uma cruz no mapa, meter rodas à estrada, e dizer, como o barbeiro enquanto sacode a toalha: «O senhor que se segue.» Viajar deveria ser outro concerto, estar mais e andar menos, talvez até se devesse instituir a profissão de viajante, só para gente de muita vocação, muito se engana quem julgar que seria trabalho de pequena responsabilidade, cada quilómetro não vale menos que um ano de vida.»
“Viagem a Portugal”
«também nós, leitores, precisamos de aprender “que, por detrás desta vida desgraçada que os homens levam, há um grande ideal, uma grande esperança. Aprendi [Silvestre] que a vida de cada um de nós deve ser orientada por essa esperança e por esse ideal. E que se há gente que não sente assim, é porque morreu antes de nascer.»
documentário “José e Pilar”,
de Miguel Gonçalves Mendes
«Nós (escritores) vivemos desassossegados, e escrevemos para desassossegar. Não queremos leitores tranquilos, não queremos leitores conformados, não queremos leitores resignados. Eu não quero viver do dinheiro desses leitores. Quero viver do dinheiro dos outros leitores.»
documentário “José e Pilar”,
de Miguel Gonçalves Mendes
«Maio é o mês das
flores. Vai o poeta em seu caminho, à procura das boninas de que ouviu falar, e
se não lhe sai ode ou soneto, há de sair quadra, que é o saber mais comum.»
In “Agenda da INCM”
«A verdade é que duvido mesmo que se possa falar de literatura como
duvido, com mais razões, que se possa falar de pintura ou que se possa falar de
música. É claro que se pode falar de tudo (…), seria absurdo pretender reduzir
ao silêncio aqueles que escrevem, (…), como se a obra em si já contivesse tudo
quanto é possível dizer e que tudo o que vem depois não fosse mais do que
interminável glosa. Não é isso. Acontece, no entanto, que por vezes experimento
o desejo de limitar-me a uma muda contemplação diante de uma obra acabada, pela
consciência que tenho de que, de certa maneira, nos domínios da arte e da
literatura, estamos lidando com aquilo a que damos o nome de inefável.»
“A Estátua e a
Pedra”