«Seria tudo mais fácil de entender se confessássemos, simplesmente, o nosso
infinito medo, esse que nos leva a povoar o mundo de imagens à semelhança do
que somos ou julgamos ser, salvo se tão obsessivo esforço é, pelo contrário,
uma invenção da coragem, ou a mera teimosia de quem se recusa a não estar onde
o vazio estiver, a não dar sentido ao que sentido não terá. Provavelmente, o
vazio não pode ser preenchido por nós, e isso a que chamamos sentido não
passará de um conjunto fugaz de imagens que num certo momento pareceram harmoniosas,
ou onde a inteligência em pânico tentou introduzir razão, ordem, coerência.»
“A jangada de pedra”
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